Rio -  ‘Só mesmo a misericórdia de Deus para nos livrar deste sofrimento”, diz a dona de casa Geni da Silva Pereira, 60 anos, “desesperada” com o que chama de abandono do bairro Jardim das Acácias, em Belford Roxo. Geni mora no lugar há mais de 30 anos.

As orações dela são acompanhadas pela maioria dos moradores da região, que se sentem desrespeitados, há anos, pelo poder publico. Na região, segundo denunciam, não há saneamento básico, coleta de lixo regular e nem posto de saúde. “Parece que moramos no fim do mundo”, resume o vigilante José Olímpio, o Zeco, 51 anos.
Foto: Paulo Araujo / Agência O Dia
Na terça-feira, mesmo com sol a forte, Rua Ariri, uma espécie de portal  de entrada do Jardim das Acácias, estava intransitável por conta das poças de lama. “Aqui, carro, ambulância ou caminhão de entrega não entra quando chove”, contou, indignado José Olímpio.

Os moradores reclamam que, além de esburacadas, as ruas Jabotia, Fiscalização, Civilizados e Araucária, entre outras, estão tomadas por matagal e valas negras a céu aberto. “A gente tem que virar malabarista para entrar e sair de casa”, reclama Roselene da Silva, 46, depois de pular um obstáculo formado por mato, lama e esgoto em frente ao seu portão.

Ela considera um castigo. as dificuldades que enfrenta Deixei o bairro da Posse, em Nova Iguaçu, para vir morar neste inferno. Quando chove, entra água por todos os cantos. Já perdi sofá, aparelho de som, colchão e fogão. Tem dia que passo a madrugada retirando lama dos cômodos”, conta Roselene, desolada.

Improviso como alternativa

Sem saneamento e nem pavimentação, os moradores jogam cascalho em trechos das ruas para amenizar o problema. Geni da Silva Pereira, por exemplo, improvisou um murundu para evitar que a enxurrada que desce da Rua Civilizados invada a sua casa.

Ela conta que, para piorar, ratos saem da vala de esgoto na porta de sua casa e invadem a residência.
“Já não sei mais para quem apelar, já que o governo desconhece a nossa existência”, reclama Geni.

Maria Conceição da Silva, 31, é outra que cobra melhorias urgentes.“Se alguém passar mal em dia de chuva, vai morrer à míngua, por falta de socorro, porque a ambulância não consegue chegar aqui”, diz.

Prefeitura alega que espera verbas

A falta de coleta regular do lixo domiciliar também aflige os moradores do Jardim das Acácias. “O gari passa por aqui, esporadicamente. Às vezes, de 15 em 15 dias. E olhe lá”, informa Marilsa Martins Cardoso, uma das moradoras da Rua Ariri.

A assessoria do prefeito Alcides Rolim (PT) alegou que projetos para toda a região de Itaipu, incluindo o Jardim das Acácias, estão em Brasília esperando a liberação de verbas.

Segundo a assessoria, a prefeitura enviará uma equipe da Secretaria de Obras ao bairro “para fazer um levantamento das necessidades mais urgentes e,  com recursos póprios, atender aos rerclamos dos moradores”.
Fonte: O DIA